Proporção Áurea

22/09/2017 18:30

Você provavelmente já deve ter tido esta experiência. Em algum dia da sua vida, já passou pela situação de experimentar um vinho avinagrado? Se sim, certamente recordará da sensação pouco agradável ao paladar. Embora muitos não saibam distinguir um vinho bom de um vinho excepcional, certamente reconhecerá o gostinho azedo de um vinho que se tornou vinagre.

Mais ou menos desta forma acontece com nossa visão do cotidiano. Costumeiramente, fazem parte do nosso dia a dia o local onde moramos, o veículo que utilizamos, o mobiliário onde sentamos e até mesmo o cartão de visitas das nossas reuniões. E como estes poderiam estar relacionados entre si e com o vinho do parágrafo anterior? Um palavrinha, ou melhor ainda, uma única letra grega dá norte à esta questão: “Phi”, que designa a chamada “proporção áurea”.

 

Esta constante algébrica explica o padrão de crescimento da natureza e foi empregado desde a antiguidade clássica e do renascimento durante o processo criativo de esculturas, telas e edifícios. Você facilmente reconhecerá o desenho do Homem Vitruviano e a pintura de Monalisa como sendo de autoria de Leonardo Da Vinci. Poucos sabem, porém, que para conceber tais desenhos, Da Vinci fez uso desta constante para distribuir o desenho pela tela. Isto garantiu proporção, beleza e harmonia.

Da mesma forma fizeram os egípcios ao conceber a pirâmide de Gizé e o grego Phídeas (Fídeas), escultor do maior monumento grego, o Parthenon. Nessas obras é possível reconhecer como esta constante de crescimento está presente na estética e norteia a proporção. Enxergamos nelas beleza e a harmonia.

No caso do vinho, o conhecimento específico e a experiência muito provavelmente garantirão a habilidade de distinguir o vinho bom do excepcional. No caso das artes, arquitetura e a própria natureza, esta habilidade de distinção parece ser uma característica intrínseca nossa, quando passamos a observar o que está ao nosso redor. Possivelmente nos tornamos tendenciosos ao belo como reconhecimento inconsciente do padrão de crescimento natural. Este padrão é reconhecido no nosso próprio corpo (referencia imagem da vinci), nas flores, nas conchas (referencia concha), e em vário elementos da natureza.

Mesmo sem saber ao certo o porquê, conseguimos distinguir o belo do feio e o harmônico do desproporcional. Este é o enigma sugerido pela constante “Phi”. Nomeada em homenagem ao escultor grego Phídeas, que a teria utilizado para conceber o Parthenon, esta letra grega rege um padrão de crescimento ao infinito. A aplicação desta constante na concepção artística gera produtos mais suscetíveis ao conforto visual das pessoas, por exprimir harmonia e proporção visual.

Podemos citar outros exemplos emblemáticos, como o edifício das Nações Unidas, nos Estados Unidos e o Taj Mahal, na Índia. E, mais impressionante, esta constante pode ser encontrada em elementos que assimilamos muito facilmente, como a logo da maçã provavelmente mais conhecida no mundo, da empresa Apple, e a cadeira Barcelona.

Se achou tudo até aqui balela, então proponho um desafio. Meça a distância do seu umbigo até o chão e divida pela distância do umbigo até a sua cabeça. Para a maioria das pessoas, o resultado dessa conta será aproximadamente 1,618! O quão mais próximo deste valor sua conta der, mais proporcional será!

O meu deu 1,614, e o seu?

>>>> Texto escrito pela arquiteta Renata Matos para a revista digital Living For.

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